segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Uma Contribuição de Nilton Resende - Jorge de Lima

CANTO QUARTO

As Aparições
I
Um monstro flui nesse poema
feito de úmido sal-gema.
A abóbada estreita mana
a loucura cotidiana.
Pra me salvar da loucura
como sal-gema. Eis a cura.
O ar imenso amadurece,
a água nasce, a pedra cresce.
Mas desde quando esse rio
corre no leito vazio?
Vede que arrasta cabeças,
frontes sumidas, espessas.
E são minhas as medusas,
cabeças de estranhas musas.
Mas nem tristeza e alegria
cindem a noite, do dia.
Se vós não tendes sal-gema,
não entreis nesse poema.

(Jorge de Lima / a invenção de orfeu)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Eu...



Já perdoei erros quase imperdoáveis,

tentei substituir pessoas insubstituíveis

e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,

já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,

mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,

já dei risada quando não podia,

fiz amigos eternos,amei e fui amado,

mas também já fui rejeitado,

fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,

já vivi de amor e fiz juras eternas,

“quebrei a cara muitas vezes”!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,

já liguei só para escutar uma voz,

me apaixonei por um sorriso,

já pensei que fosse morrer de tanta saudade

e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!

Não passo pela vida…

E você também não deveria passar!

Viva!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe e vencer com ousadia,

porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é “muito” pra ser insignificante.

Charles Chapplin


Bom mesmo é ir a luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe e vencer com ousadia,

pois o triunfo pertence a quem se atreve...

A vida é muita para ser insignificante

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O sururu da grande lagoa mãe - Theresa Siqueira

O SURURU DA GRANDE LAGOA MÃE –
Entre o nutritivo e o cultural - O Patrimônio das Alagoas, em defesa da soberania e da cultura alimentar.
Por Theresa Siqueira

Mundaú Lagoa Grande Bebedouro,
de muitas bocas o sustento
de tantas vidas o prazer.
Mesmo tendo suas forças sugadas pela poluição
como mãe nunca se entrega, faz da lama nascer o sururu...”


Percorro a orla da grande Lagoa Mundaú, e vejo os sururus ainda no capote, aos montes para a catação. Nas calçadas, homens, mulheres, crianças, todos envolvidos nesse processo. Gentes-sururus, que como a Lagoa, resiste e enfrenta esse caos, essa poluição. Nesse trajeto, penso no Manifesto Sururu escrito por Edson Bezerra , manifesto-grito que faz ecoar esse movimento de resistência.
Penso e reflito sobre as mulheres que moram na beira da lagoa. Essas mulheres que vejo na catação, e tantas outras que moram no Brejo do Passarinho, que moram nas favelas e, também aquelas que residem nos Conjuntos Virgem dos Pobres I, II e III.. Há um tempo atrás, em 2003 orientamos alguns Trabalhos de Conclusão de Curso de Nutrição que tinham como objetivo conhecer os saberes e as práticas alimentares das mulheres (gestantes, puerperas, nutrizes) moradoras do Conjunto Virgem dos Pobres III. E o que sobressaiu nas falas dessas mulheres foram os alimentos industrializados, as sardinhas enlatadas, os macarrões instantâneos da moda “nissin miojo”, o pão, a carne de charque, os refrigerantes de cola entre outros . (CARVALHO,2004; FERRO,2004) E nada do Sururu. O Sururu não aparecia em nenhuma das falas. Alimento este, nutritivo, protéico, rico em cálcio , fósforo etc. Alimento este tão próximo e tão distante.
O Olhar sobre o Sururu nos leva a refletir sobre a soberania alimentar e o resgate da cultura alimentar. Segundo o Conselho de Segurança alimentar e Nutricional CONSEA a cultura alimentar faz parte de nosso patrimônio. Há muitos fatores associados a desvalorização de nossos alimentos regionais. De acordo com a II Conferência de SAN a cultura alimentar deve ser valorizada, partindo do resgate de hábitos alimentares, produtos e espécies historicamente inseridos nos sistemas alimentares locais/regionais. Sendo necessário para isso, o estimulo às iniciativas interdisciplinares de pesquisa e a promoção de estudos que favoreçam a identificação e conhecimento das culturas alimentares das diversas regiões e etnias. “A escolha dos alimentos, sua preparação e consumo estão relacionados com identidade cultural – são fatores desenvolvidos ao longo do tempo, que distinguem um grupo social de outro e que estão intimamente relacionados com a história, o ambiente e as exigências especificas impostas ao grupo social pela vida do dia-a-dia”. (CONSEA,2004)
No que diz respeito a soberania alimentar, o documento do CONSEA define que esta condição só se efetivará quando ocorrer uma liberdade para que os povos decidam o que será produzido, como será a produção e o que e como será consumido, respeitando a cultura alimentar. De acordo com o documento citado acima, “A cultura alimentar é um patrimônio valioso que precisa ser preservado. Para isso, um primeiro passo é criar as condições para que a sociedade conheça sua história agrícola e alimentar, valorizando esse patrimônio enquanto tal.”(CONSEA, 2004)
Reflito também sobre as pesquisas acadêmicas sobre o valor nutritivo do Mytella Falcata ou Mytella Charruana., popularmente conhecido como Sururu. Parece que essas pesquisas ainda estão bem distantes das comunidades-sururus. Precisamos popularizar o conhecimento cientifico, para quê ciência se ela não é popularizada, democratizada. Se as classes populares que vivem desse molusco mal sabem dos estudos científicos sobre ele. Não têm acesso a tais estudos.
E o Manifesto nos faz refletir sobre isso, conclamar todos para o debate sobre o patrimônio alimentar que temos na nossa grande Lagoa Mãe.
Por fim, volto ao meu percurso inicial da Orla Lagunar Mundaú, e lembro do Cais da Levada . Lembro de que quando criança acompanhada de meu pai, atravessávamos a lagoa em direção a Coqueiro Seco. E reflito junto com o personagem do livro Calunga de Jorge de Lima:
Nesse tempo longe, ainda não tinha olhos capazes de ver o que vinha vendo agora, ao voltar as coisas e a ao povo da infância, ao começo da vida, que era como uma terra em começo... (LIMA, 1943)

E nessa terra em começo, vamos ao Manifesto que,
“quer muito pouco. Quem sabe um pouco mais do que exercitar um certo olhar: um olhar atento por sobre as coisas alagoanas. O manifesto sururu não quer apostar e nem pousar em outras imagens. O que ele procura é exercitar olhos e sentidos por sobre (e dentre) antigas e permanentes imagens das coisas alagoanas...” (BEZERRA, 2004)


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA:


BEZERRA, E. Manifesto Sururu. Maceió, 2004. (mimeo).

BRASIL 2003 Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
CARVALHO, RR 2004 - Saberes e práticas alimentares de gestantes cadastradas na equipe de saúde da família da comunidade Virgem dos Pobres III - Maceió Alagoas – Trabalho de Conclusão de Curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas.
FERRO L. M. T. 2004 - Saberes e práticas alimentares de puérperas cadastradas na equipe de saúde da família da comunidade Virgem dos Pobres III - Maceió Alagoas - - Trabalho de Conclusão do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas
LIMA, J. 1943. Calunga. 2º edição. Alba Editora . Rio de Janeiro.

domingo, 19 de agosto de 2007

Para aqueles que gostam de Drummond


Além da terra, além do céu

no trampolim dos sem fim das estrelas

no rastro dos astros

na magnólia das nebulosas


Além muito além do sistema solar,

até onde alcançam o pensamento e o coração

Vamos!

Vamos conjugar

o verbo fundamental essencial

o verbo transcendente, acima das gramáticas

e do medo e da moeda e da política,

o verbo sempreamar,

o verbo pluriamar

razão de ser e de viver.

Carlos Drummond

terça-feira, 24 de julho de 2007

A família e a terra


Mestre Ranilson


Ranilson França: Um mestre guerreiro no meio de tantos mestres

No meu blog anterior, perdido no espaço virtual, tinha uma homenagem ao Ranilson França.
Falecido em agosto do ano passado e um grande incentivador da cultura popular alagoana.
Segue trechos de uma entrevista dele feita pelo Jornalista Lelo Macena publicada na Gazeta de Alagoas em 2005.

Página Verde
26/07/2005

"Digo que Alagoas é um estado privilegiado"
DISCÍPULO DE THÉO BRANDÃO E ALOÍSIO VILELA, O PROFESSOR RANILSON FRANÇA NÃO CANSA DE AFIRMAR: NOSSO ESTADO POSSUI A MAIOR DIVERSIDADE DE FOLGUEDOS DO PAÍS
LELO MACENA
Repórter

Determinado a conferir in loco as manifestações de nossa cultura popular, o professor Ranilson França chegou a bater três vezes o motor de seu Fusca a álcool, fiel companheiro de viagem.
Empreitadas desse tipo lhe renderam um acervo considerável de fitas e um conhecimento profundo acerca das potencialidades e dos problemas que afetam diretamente o imaginário do povo alagoano.
Herdeiro de uma das mais reconhecidas escolas de pesquisa da cultura popular - onde constam nomes como Aloísio Vilela, Théo Brandão, Manuel Diégues Júnior, José Pimentel Amorim, José Maria de Melo, Félix Lima Júnior, José Maria Tenório Rocha e Pedro Teixeira, com muitos dos quais conviveu -, Ranilson França soube como poucos compreender a riqueza do processo criativo que nasce no seio das comunidades.
Atual presidente da Comissão Alagoana de Folclore (criada por Théo Brandão em 1948), presidente da Associação dos Folguedos Populares de Alagoas (Asfopal), coordenador de Ação Cultural da Secretaria Estadual de Educação e assessor de assuntos estudantis e comunitários do Cesmac, o incansável Ranilson se divide em mil para manter viva a cultura alagoana.
Em entrevista à Gazeta, ele fala de sua paixão pelos folguedos alagoanos, lembra da amizade com Théo Brandão e aponta soluções - em sua avaliação, simples - para alguns dos problemas que atingem nossos grupos folclóricos.
Gazeta - Que folclore é esse no qual o senhor acredita e pelo qual tem trabalhado tanto?
Ranilson França - Folclore é cultura viva. Quando falo do folclore alagoano, não falo com saudosismo. Falo das manifestações atuais, com todas as influências que elas têm. Folclore não quer dizer coisa velha, antiga. A dinamicidade é que permite a sobrevivência. Mesmo com toda a globalização, os guerreiros, os pastoris e os reisados sobrevivem nas periferias. É isso o que a gente acredita que seja o folclore, uma coisa presente e dinâmica. Hoje dificilmente você vai encontrar um guerreiro no qual a sanfona não seja eletrificada. Todos os grupos estão aderindo aos elementos contemporâneos. É a cultura viva do povo que nós não podemos deixar de reconhecer.
Como surgiu essa sua paixão pelas manifestações populares de Alagoas?
Tendo sido menino pobre na Chã do Pilar, onde me criei cercado por todas essas manifestações. Na época eu não sabia o que era folclore, mas já participava. Não havia luz elétrica nem água encanada. Isso tudo já era pretexto para acontecer alguma coisa. Cresci vendo as novenas de Santo Antônio e os terços do mês de maio, que eram rezados na casa da minha tia, ainda viva e com 95 anos. Apaixonei-me vendo desde criança os folguedos natalinos na casa de meu avô, os cantadores de cordel que, enquanto faziam cangalhas, cantavam a História do Pavão Misterioso e O Romance da Donzela Teodora, que são grandes clássicos da literatura de cordel.
Quando o sr. começou a pesquisar a cultura popular?
Eu vim estudar no Colégio Guido, com o pe. Teófanes de Barros, e começamos a trazer essas questões para o colégio. Na época, ao lado do jornalista Rosivan Vanderley, nós fundamos o Museu de Folclore Manoel Neném. Também tive o prazer de conhecer o professor Théo Brandão, não como meu professor, mas já aposentado da Universidade [Federal de Alagoas]. A gente se reunia para conversar sobre essas coisas e eu descobri nele um mestre que gostava de transmitir seus conhecimentos. Ele me incentivou muito e hoje ainda guardo com muito carinho a edição número 1 do Dicionário do Folclore Brasileiro do professor Luís da Câmara Cascudo, que o autografou para ele e para mim. Também tive contato com Aloísio Vilela, José Maria Tenório Rocha e com o professor Pedro Teixeira. Devo minha formação a esses grandes nomes.
Como o sr. avalia a cultura popular alagoana hoje?
Levando em conta o fato de que nós vivemos num País globalizado, em que a tendência é descolorir a cultura, digo que Alagoas é um estado privilegiado. Mesmo o Brasil não tendo uma política para o folclore, nosso estado ainda consegue manter a maior diversificação de folguedos do País. Hoje, no mapa de Alagoas, esses grupos estão bem definidos.Quais os principais problemas dos grupos de folguedos alagoanos atualmente?Nós identificamos alguns pontos fundamentais para a preservação desses grupos: o primeiro é a necessidade de uma sede. Eles precisam de espaço físico. Não precisa ser nada sofisticado, mas um lugar simples, onde eles possam ensaiar e se organizar. O segundo ponto é a constituição de um calendário como elemento motivador. Você vai ensaiar sabendo que terá um número de apresentações durante o ano. O terceiro ponto é a ajuda de custo para a compra de material. Seria um grande passo na direção da preservação dos nossos folguedos.
O que o poder público tem feito efetivamente pela preservação de nossas manifestações populares?
Existem tentativas de soluções para nossos problemas, mas ainda são coisas embrionárias. Às vezes, em vez de ajudar, o poder público contribui para o desaparecimento dos grupos folclóricos. Eu gostaria que a Prefeitura de Maceió pudesse pegar esse mote dos festejos natalinos e fazer uma grande festa de Natal, com grupos como pastoril, reisado e chegança. Preencheria uma lacuna no calendário de eventos da cidade e abriria espaço para os nossos grupos, que ensaiam tanto mas não têm onde se apresentar.Grande parte dos nossos mestres de folguedos vive de salário mínimo, o que torna difícil a manutenção de seus folguedos. Como o sr. vê essa realidade?
Houve uma transformação na dinâmica sociocultural. Antigamente esses grupos folclóricos eram montados primeiro nos engenhos. Depois, eles passaram para uma fase em que aparecia um “patrocinador”, como é o caso da Joana Gajuru, que investia seus recursos nos folguedos. Os que tinham um dinheirinho a mais sempre aglutinavam em torno de si a questão do guerreiro. Mas essa figura desapareceu. Por outro lado, é aí que aparece o aspecto ritualístico. Todos os que participam dos guerreiros, reisados e pastoris encaram a dança como um ritual, um compromisso. Mesmo ganhando pouco, deixam de comprar uma caçarola ou uma panela para comprar a fita do guerreiro. Outro dia eu encontrei a dona Maria Flor e ela vinha com um manto de cinco metros para o guerreiro dela: ‘Seu Ranilson, peguei meu décimo terceiro e comprei’. É uma coisa meio milagrosa. Eles sempre vão dar um jeito de cumprir com o compromisso. Só vão parar de dançar quando morrerem.
Como garantir a continuidade dos folguedos depois que esses mestres, muitos já octogenários, desaparecerem?
Nós sabemos que todo o ser humano um dia vai ter que partir para outro mundo. Ano passado, tivemos várias perdas: Maria do Carmo, Virgínia Moraes e Mário Izaldino. A juventude precisa ter maior acesso à cultura popular, que precisa chegar às escolas e à imprensa, jornal, rádio e televisão. Outro lado importante e que caracteriza também o folclore é a passagem da tradição via oralidade. A Mestra Hilda, que tem 84 anos, tem bisnetos dançando em seu pagode. O Mestre Venâncio, com 83, também tem um filho dançando. E temos o Verdelinho, que montou um grupo com filhos e netos. Mesmo assim, são necessárias políticas públicas que garantam essa continuidade.
Como o sr. vê a "Lei dos Mestres", que garante uma bolsa de R$ 500 para nove mestres da cultura alagoana?
É uma iniciativa muito importante. Serão apenas nove mestres contemplados na primeira etapa, mas acreditamos que é um bom começo. No início, a Asfopal questionou alguns pontos, como a forma pela qual se daria a escolha desses mestres. Mas, após algumas alterações no edital, e com a escolha da comissão designada para escolher os contemplados, tudo foi resolvido e a iniciativa só vem beneficiar nossa cultura.
Em Alagoas já existem projetos desse tipo?
A Secretaria Estadual de Educação, por meio da Coordenação de Ação Cultural, faz um trabalho que leva os mestres para as salas de aula. Hoje são várias oficinas espalhadas pelo Estado. Temos o Eduardo, um mestre de guerreiro antigo que dá aula nas escolas de Penedo. Temos o Jota do Pife também passando seus conhecimentos, mas ainda é muito pouco. As escolas particulares precisam se engajar. Não bastam somente atividades esporádicas. O turismo de Alagoas poderia também divulgar nossas manifestações. Os folguedos alagoanos são totalmente desprezados pelo trade turístico. É preciso dar oportunidade para o turista conhecer nosso folclore.
O Engenho de Folguedos, realizado toda quinta-feira, no Museu Théo Brandão, seria um bom espaço para isso?
Pois é. Mas você não vê um turista lá. O pessoal que cuida disso ignora completamente. O Engenho de Folguedos é um projeto vitorioso. Nasceu dessa necessidade que os grupos têm de se apresentar e mostrou nosso potencial. É um projeto que uniu o útil ao agradável. E eu aproveito para convidar as pessoas que quiserem conhecer um pouco mais da nossa cultura a irem lá.Há alguns meses nós perdemos um dos maiores compositores de forró de Alagoas: Florisval Ferreira morreu no anonimato.
É esse o final reservado à gente do povo que produz cultura?
Infelizmente, o Brasil não tem memória. Até o grande Luiz Gonzaga teve dificuldade no final da vida. Em Alagoas, vários foram esquecidos: Jacinto Silva faleceu e ninguém deu uma palavra. Florisval Ferreira foi um artista que teve músicas gravadas por Jackson do Pandeiro e Trio Nordestino, mas morreu no anonimato. Rodolfo Cavalcanti, alagoano de Rio Largo, um dos maiores cordelistas do Brasil, que ninguém conhece por aqui, está sendo homenageado na França. São esses artistas que nós precisamos valorizar enquanto ainda estão vivos, para não caírem no esquecimento.
Em que pé se encontra o projeto que construiria uma vila com casas para os mestres dos folguedos de Alagoas?
O projeto está pronto há oito anos, desde a gestão da ex-prefeita Kátia Born. Por motivos burocráticos ainda não saiu. A idéia é criar uma vila com 50 pequenas casas para os mestres. O terreno já foi doado pela prefeitura. Fica no Tabuleiro e nele seria construída uma sede para a realização de oficinas ministradas pelos mestres. É um sonho para mim, mas possível de realizar. Basta boa vontade do poder público.###
QUEM É
Nome: Ranilson França
Idade: 61 anos
Profissão: professor e pesquisador
Cargo: presidente da Comissão Alagoana de Folclore e da Associação dos Folguedos Populares de Alagoas

Dona Hilda do Côco de Roda Alagoano


A foto foi tirada por mim. Em uma apresentação do folcore alagoano no SESC Guaxuma em 2004

Mestre Hilda, na sua atividade como Mestra e Coordenadora do Pagode Comigo Ninguém Pode e as Baianas Vencedoras.
Bebedouro - Maceió/AL
como tantos outros mestres da cultura popular faz parte do Patrimonio Alagoano.

A figura feminina na resistência popular alagoana...

Um patrimônio alagoano

Junho é tempo de festa no Nordeste. No agreste e sertão de Alagoas, moradores preservam uma tradição de trezentos anos: o coco de roda.
O coco de roda surgiu numa época em que as famílias faziam mutirões pra construir casas de madeira e barro pisado. A dança garantia diversão a noite toda e reboco de boa qualidade.
Os mutirões acabaram, mas a pisada dessa gente simples do sertão continua fazendo da dança, um símbolo de resistência das tradições.
Depois da quadrilha, o coco de roda é um dos folguedos juninos mais comuns em Alagoas. São três séculos de tradição, reunindo a experiência dos mais velhos com o interesse dos jovens pela cultura popular do Nordeste.
Seu Nelson Rosa tinha dez anos quando começou na brincadeira. “Agradeço a Deus por continuar mostrando essa tradição”.
Matéria publicada no site http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20050620-98931,00.html

O retorno da flor


E lá vem ela
de estação em estação
trazendo a esperança
de que dias melhores virão
e na foto que segue
ela está no meio
dos tantos mistérios da vida
dos mistérios do nascimento
além do humano...

A vida e esperança florescendo

Estas fotos foram tiradas por Jorge Izidro e Adriano Jorge

O retorno da flor do mandacaru


De estação em estação


ela retorna radiante


trazendo a esperança


de que dias melhores virão.


A flor tão bela


pousa na foto


É a foto da vida


os mistérios do nascimento


além do humano...